14 de outubro de 2008

Cafés e coragem

Todo mundo acha o fim da picada quando alguém derruba um copo cheio de café na mesa. É compreensível, ninguém gosta de ver um líquido quente e escuro se espalhando por toda a área de trabalho, molhando teclados, manchando papéis, queimando colos, deixando a mesa grudenta e o carpete manchado e mal-cheiroso. Mas antes de se condenar o autor do acidente imediatamente - "cuidado,seu animal!", "ui! que nojo!" etc. - vale a pena avaliar se não se está cometendo uma injustiça. Pense bem. Uma pessoa que consome 3, 4, 5 copos de café por dia útil está potencialmente levando para a mesa mais de 1.300 copos cheios para a mesa durante um ano de trabalho. Antes de criticar alguém por derrubar seu terceiro copo de café sobre a mesa, não custa lembrar que ele (ou ela) está performando com uma taxa de acerto sobre-humana de 99,8%. Neurocirurgiões não acertam tanto. Pilotos de aviões comerciais são menos confiáveis. E eles não enfrentam os desafios que bebedores freqüentes de café precisam superar o tempo todo no turbulento ambiente de escritório moderno, cheio de fios, cabos elétricos (do mouse, do celular, da rede, do telefone etc.), cadeiras, pastas que ficam se mexendo de maneiras imprevisíveis.
Então, pense nisso: antes de xingar o colega que acabou de derrubar um quinto de litro de café açucarado na sua bolsa, tente levar em conta a coragem dele (ou dela) nessa situação, superando todas as barreiras (como a proibição do RH de beber na mesa) e perigos (de receber um puxão de orelha formal do mesmo RH) em função do seu amor (ou dependência) ao café. Mas pense rápido, e corra em direção a copa, e traga bastante papel toalha para tentar consertar o estrago.

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