30 de dezembro de 2008

Férias

Nesse período estranho entre o natal e o fim-de-ano, é fácil perder de vista as coisas mais importantes, como esse texto de dezembro do McSweeney's: YOUR BEST FRIEND IN A ROMANTIC COMEDY IS ALWAYS THERE FOR YOU.

Só um trechinho:

I'm so glad you met me for drinks in this funky downtown watering hole that plays well-known contemporary hip-hop songs. By the way, mazel tov on your promotion at that chic company you work for, girlfriend—a round of sake on me! Boy, as a wisecracking half-Japanese, half-black Jewish woman, I love being a nonthreatening "ethnic" blend, because I get to order exotic foods and say all these trailer-worthy one-liners.

19 de dezembro de 2008

Link

Jessica Hagy tem um dos blogs mais legais que eu conheço. Chama-se Indexed e tem uma fórmula simples. Todo dia útil, antes ir trabalhar como publicitária como especialista em cultura americana, Jessica posta um simples gráfico ou diagrama feito a mão retratando de maneira engraçada o que lhe der na telha. Frequentemente saem umas sacadas ótimas, cheias de insight. Tanto que virou um livro de sucesso.
O post de hoje é menos irretocável*, mas vale serve como ponto de partida na exploração do arquivo do blog.
* Afinal, já se postulou, uma grande quantidade de ciência começa a parecer com magia. Acho que falta um ponto de inflexão no final da curva...

18 de dezembro de 2008

Pessoa do ano

Interessante a história de como surgiu o “prêmio”* de pessoa do Ano da revista Time. Em 1927, os editores do semanal estavam comentando sobre como tinham deixado de cobrir devidamente o evento histórico que foi a travessia do Atlântico por Charles Lindbergh, até que alguém teve uma idéia: “porque a gente não coloca ele numa capa no final do ano e declara ele o homem do ano?. Colocaram a foto, colou a idéia. A propósito, a escolha de 2008 não causou muita surpresa: Barack Obama.

* Na verdade não é um prêmio, é um "destaque a pessoa que mais causou impacto nas notícias no ano", seja um cara bacana ou um completo loser, como Hitler (Capa de 1938) ou Stalin (duas capas na década de 1940).



17 de dezembro de 2008

M.G.

Saiu artigo novo do Malcolm Gladwell na New Yorker. Como de costume, é muito interessante e merece ser lido. Trata da dificuldade de se contratar as pessoas certas quando todas as informações disponíveis simplesmente não servem para identificar quem vai "performar" melhor ou não. O eixo da reportagem é a análise de pessoas responsáveis por selecionar arremessadores (quarterbacks) para o futebol americano profissional, professores de jardim de infância e consultores financeiros. Em todos os casos, o que Gladwell enfatiza, é que a performance efetiva dos profissionais só pode ser mensurada e prevista depois que eles começaram no trabalho; nenhuma informação antecedente realmente serve para destacar quem vai se sair melhor ou pior. Levando em conta a constatação de que a qualidade do professor é o grande fator determinante da qualidade de ensino dos alunos, Gladwell procura entender como deveria ser a melhor maneira de se recrutar professores. A conclusão que ele chega é simples: em vez de se buscar professores cada vez mais qualificados, o que se deve fazer é estabelecer uma qualifição mínima, e entrevistar, testar, treinar (e descartar) na prática o maior número possível de candidato, até sobrarem os melhores. Não me parece uma idéia muito surpreendente (cheguei na mesma conclusão ao recrutar estagiários (é díficil descobrir qual moleque de 19 anos que nunca fez nada vai se mostrar um craque)), mas a maneira como Gladwell constrói uma narrativa de de 7 páginas A4 que não dá para parar de ler mostra que o recrutamento de repórteres da New Yorker (gestão Tina Brown at least) funciona bem. Ah, claro, o link: Annals of Education: Most Likely to Succeed: Reporting & Essays: The New Yorker

2 de dezembro de 2008

disco

Como não ficar interessado em um disco cuja resenha começa desse jeito?
What could be more shocking from a once-radical group of Marxist punks than an album of bubblegum rock?... The (International) Noise Conspiracy—a band that once wrote songs with titles like "Capitalism Stole My Virginity" and "Abolish Work"—is now singing of optimism, relationships, and Beverly Hills.

Horóscopo

O único horóscopo que vale a pena ler é o do The Onion:

Sagittarius November 22 - December 21

Don't let other people influence your future. That's what a vague and arbitrary set of cosmic indicators is for

Gemini May 21 - June 21

Your passionate lovemaking will wake up the neighbors this week, making it a lot harder for you to have sex with them.


13 de novembro de 2008

McSweeney's Internet Tendency: Shakespeare Wrote for Money: An Introduction.

McSweeney's Internet Tendency: Shakespeare Wrote for Money: An Introduction.

Esse é sweet.

Imparcialidade

Gore Carries Slate - By Michael Kinsley - Slate Magazine

Mestre Kinsley escreve sobre a diferença entre opinião e viés com relação às preferências políticas de jornalistas. Incrivelmente relevante nesse Brazilsão de Deus de imparcialidade chapa branca.
Ah, pessoas que têm janelas avisam que vai chover. Cuidado.

10 de novembro de 2008

Apple Pie

Para quem fica fascinado com reportagens especulativas sobre a personalidade de Steve Jobs e os planos futuros da Apple, esse link é um "prato cheio". Pelo visto, a substituição de Tony Faddel (vice-presidente responsável pela divisão de iPods) por Mark Papermaster (ex-executivo da IBM que cuidava dos chips PowerPC) é mais uma manifestação do ego monumental de Jobs e uma pista para os planos mirabolantes da Apple envolvendo uma geração completamente nova de chips.

4 de novembro de 2008

30 de outubro de 2008

Manufatura

Podemos estar vivendo numa era pós-industrial, mas o apelo de produtos designados 'industriais' é maior do que nunca.
Como exemplo número 1, temos o iPod, que a Apple faz questão de vender como um marco de design industrial. Com isso, eles querem que o produto deixe de ser tratado como um mero objeto de consumo mais ou menos descartável para ser promovido ao status de uma pequena obra de engenharia, da qual se destaca a extrema facilidade de uso, a perfeição do design e o capricho nos acabamentos e materiais. As dimensões do aparelho, seu peso, as escolhas de materiais e texturas, a obsessão em simplificar a interface, a preocupação com os detalhes e a coerência do conjunto, integrando estética e usabilidade: tudo contribui para transformar o iPod num produto diferenciado. Graças à robustez do seu design industrial. É interessante ver o artigo da wikipedia sobre a origem do termo, mencionando a Deutscher Werkbund, uma associação alemã de arquitetos, artistas, designers, engenheiros e fabricantes fundada em 1907 para aumentar a competitividade dos produtos alemães que acabou vindo a ser uma precursora do movimento Bauhaus e da arquitetura moderna. Enfim, a ligação é bem implícita (como teria que ser), mas o foco em "industrial design" acaba colocando o iPod em companhia da vanguarda do design do século XX.

Industrial-grade (nível industrial) também é um ótimo adjetivo. Qualquer produto ou insumo, por mais banal que seja (borracha, químicos, diamantes, alumínio), ganha um outro tipo de apelo se é vendido como uma versão de nível industrial. Passa a impressão de que é um produto 'de verdade', com robustez o bastante para aguentar a duríssima rotina de uma linha de montagem pesada. Podemos estar falando de um óculos, um notebook, uma mochila etc. Enquanto os produtos 'standard' são acessórios decorativos que servem para qualquer frutinha passear no shopping, a versão industrial é coisa de macho, é um equipamento de trabalho e sobrevivência, que precisa confiar no seu equipamento em situações-limite (manusear peças de aço de várias toneladas, escavar túneis a quilometros de profundidade, conduzir operações da SWAT, testar carros de corrida, entrar em órbita com um avião experimental, consertar um mastro no meio do oceano, numa tempestade etc.).

Olha como a Oakley promove sua linha de produtos industrial-grade:
Decades of Oakley research have achieved performance innovations for the world's best athletes. In the process, we have raised the bar of durability and protection, and our inventions now serve the industries of health, safety and defense. Categories include eyewear that protect against extreme impact and laser light; fire-resistant gloves utilized by professional race drivers; and footwear developed for combat, motor sports and environmental extremes. Oakley's Industrial division innovates product technologies for those whose lives depend on their gear.

Grandes Figuras



Gina Bianchini

  • Nascida em 1973 na California
  • MBA em Stanford, passagem pela Goldman Sachs
  • Atual CEO da Ning, companhia de internet na área de redes sociais, fundada por Marc Andreesen (inventor do browser)
  • Gina e Marc já foram namorados, anos atrás
  • Classificada como uma Web 2.0 Hottie pelo blog Valleywag

Jazz!

Matt Savage é um jovem autista de Nova York que toca Jazz. Criança-prodígio do piano, foi chamado de "Novo Mozart" por Dave Brubeck e foi alvo de enorme curiosidade desde os oito anos de idade. Semana passada fez uma apresentação no "Cachaça Jazz Club", tocando standards e composições próprias. A jornalista do WSJ gostou bastante: "foi a chance de observar o amadurecimento musical de um pianista fenomenalmente talentoso e compositor que merece ser levado a sério em termos puramente musicais". Vale a leitura. Dica do Ricardo Lombardi.

29 de outubro de 2008

Procras...

Todo mundo adora falar mal da procrastinação. Mais que isso, dizem que deve ser combatida, porque o importante é fazer as coisas, agora. E terminá-las assim que possível. E logo em seguida começar outra... Qualquer desvio desse padrão é condenado: não fazer nada, demorar para começar, deixar para amanhã, fazer outra coisa menos desagradável...

Claro que há algum mérito no combate a procrastinação, mas acho que há um exagero na dose ao se deixar de lado os aspectos positivos desse hábito de bilhões de pessoas todos os dias. Deve ter tido algum valor evolutivo na história humana.

O problema é que a procrastinação acaba ganhando uma reputação terrível por causa de uma assimetria irônica: os críticos do comportamento estão sempre produzindo seus manifestos em prol da produtividade pessoal, tec tec tec, trabalhando sem parar. Os procrastinadores até cogitam publicar eulegias da nobre prática, propor uma visão alternativa mas acabam deixando para depois, e com isso perdem espaço junto à opinião pública. Pensar que a procrastinação ganharia muito mais espaço com um pouquinho de esforço não deixa de parecer um belo parodoxo.

80 e eu

Eu fico irritado com esses late adopters, que resolveram virar nostálgicos pela década de 80 só agora que está na moda. A minha nostalgia é muito mais tradicional: desde 94 eu sabia que a década de 90 não ia dar em nada de bom mesmo (Grunge? Tarantino? Teletubbies? Ethan Hawke? Eww) e o lance era relembrar os bons momentos da década “perdida”. Se bem que eu acho que esse meu texto já ta meio datado, e a nostalgia 80s já saiu/está saindo de moda. Não tenho nenhuma estatística para sustentar essa opinião e nem sei se algo assim existe. (Quem sabe um gráfico mostrando a evolução dos membros de comunidades no Orkut a respeito do palhaço Bozo pudesse ser um indicador, ou do Cansei de Ser Sexy).

Na verdade, a grande lição é que é possível digitar um monte de frases, e mesmo assim não escrever nada. Como agora.

Resumo do artigo:

- Anos 80: legais (Tears for Fears, Blade Runner, Armação Ilimitada, Magnun PI)

- Anos 90: overrated.

- Primeira década do Século 21: vai ser melhor avaliada pelos nossos filhos ou sobrinhos

- Electroclash: fenômeno musical fictício, inventando pelos cadernos culturais paulistanos para encher lingüiça no vazio das terças e quartas feiras

- “Cena” Clubber: útil só para sediar núcleo jovem de novela das oito urbana rodada em São Paulo. (Com Victor Fasano como o pai de uma das adolescentes)

Palavras-chave: drag queens; contracultura; constituição cidadã; Habermas; Ferrugem; Polegar; A-ha; Erica Palomino.

Whoops!

Something went terribly wrong...

Eric

Depois da sua extensa e seríssima luta contra o alcoolismo (descrita em detalhe na sua autobiografia) Eric Clapton deve achar estranho se lembrar de ter posado para comerciais de cerveja, como esse.

Trecho do Sullivan

In fact, for all the intense gloom surrounding the news-paper and magazine business, this is actually a golden era for journalism. The blogosphere has added a whole new idiom to the act of writing and has introduced an entirely new generation to nonfiction. It has enabled writers to write out loud in ways never seen or understood before. And yet it has exposed a hunger and need for traditional writing that, in the age of television’s dominance, had seemed on the wane.

A.S.

Andrew Sullivan afirma que o blogueiro tem que ser espontâneo e imediato. Por isso mando agora o link de "Por que eu blogo". Como é típico dele, é muito, muito bom. Dica dos links do Eduardo Carvalho.

28 de outubro de 2008

Foreigner

Ninguém dá muita bola pra banda de arena rock Foreigner (Waiting for a Girl Like You, I Want to Know What Love Is, Cold as Ice etc.), mas é impressionante a rotatividade dos integrantes. Além dos cinco membros atuais (dos quais apenas o guitarrista Mick Jones está desde a fundação), a banda já contou com outros 23 músicos desde a fundação em 1976. Considerando que dessa turma, 7 entraram e saíram mais de uma vez na banda, conclui-se que o Foreigner já teve 30* formações diferentes, quase uma por ano. Não sei se isso é um recorde, mas é uma marca impressionante. Algo me que diz o clima dentro da banda não deve ser dos melhores. Quem sabe adotando práticas motivacionais inovadoras, um pacote de benefícios mais completo (um bom plano de saúde), salários em linha com o mercado e um estilo de liderança participativo, os gestores do grupo poderiam aumentar a motivação e retenção de pessoal, com impacto positivo na produção musical desse importante ícone do rock corporativo. Podemos ter certeza que contando com um time empolgado e unido, o Foreigner teria todas as condições de voltar a dominar as paradas de sucessos com seus melódicos hits cheios de pegada, como acontecia no final da década de 70 e início da década de 80.
* Fonte: artigo da Wikipedia.

27 de outubro de 2008

Essa

Essa eu não entendi. O que leva alguém a pichar "Fora Bush" numa esquina da Avenida Santo Amaro com uma rua qualquer de Moema (seria a Graúna? ou a "Inhambu?" Existe a Inhambu? É legal?), no muro de um escritório de advocacia meio caído (imagino que deve ser meio caído, afinal fica numa esquina da Santo Amaro, a única coisa que dá certo na Santo Amaro é auto-mecânica e botequim).
Mas voltando ao tema. É plenamente compreensível que a popularidade do presidente Bush esteja em baixa junto a segmentos da população que costumam pichar esquinas das avenidas da Zona Sul de São Paulo - Bush deve ser no momento impopular junto a quase todos os segmentos da população do mundo, independente dos respectivos hábitos de pichação. Também é natural que pichadores concentrem seus esforços em mensagens de protesto, deixando manifestações de apoio ou encorajamento para mídias menos reprimidas pelas forças policiais.
Mas nada disso explica a motivação por trás da pichação. Primeiro, não está claro da onde se quer expulsar o Bush. A região de Brooklin/Moema fica a milhares de quilômetros fora da fronteira americana. Se a moçada quer mesmo protestar contra as políticas do governo americano, que vá pichar os muros perto da Casa Branca ou que seja do rancho particular de W. em Crawford, Texas.
Mais que isso, a probabilidade de que alguma pessoa com poder de mover um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos costume passar diariamente pela Santo Amaro (sentido bairro-centro) é menor do que achar armas de destruição em massa no Iraque. Mesmo que algum congressista norte-americano, por remoto acaso, use a Santo Amaro de carro, moto ou ônibus no seu transaldo casa/trabalho/facul/casa da namorada (!!), é improvável que ele elencasse a prerrogativa constitucional de questionar o chefe de governo do executivo estadunidense e abalar a distribuição a separação de poderes em curso há dois séculos por causa da influência de uma manifestação gráfica feita com tinta spray numa metrópole da América Latina. O fato da letra "O" de "fora" ter uma linha vertical no meio (para dar um aspecto gótico? nórdico??) não aumenta em nada o poder de persuasão da mensagem.
(Não deixa de ser intrigante que os pichadores não dediquem sua energia contestatória a alvos mais próximos. Por que ninguém picha "Fora Lula"? Seria pelo menos um pouco mais pertinente no sentido geopolítico.)
A verdadeira questão do piche (que muita gente prefere denominar "grafite" e tratar como uma "forma de arte") é sua relação complicada com a democracia. Bush, para todos os efeitos, foi eleito democraticamente duas vezes, e terá seu mandato encerrado em poucos meses, quando será escolhido seu sucessor pela população dos EUA através dos colégios eleitorais. Se alguém quer participar do processo, é só se tornar um cidadão daquele país, e comparacer à votação no começo de novembro. (Nem precisa viajar até os EUA, ao contrário dos eleitores brasileiros, eles podem votar no consulado/pelo correio). Para mim, parece um procedimento muito mais saudável do que sorrateiramente começar a impor palavras de ordem nos espaços públicos de uso coletivo.
Essa questão de "Fora Bush" pode parecer inconseqüente, mas não é. Basta lembrar dez anos atrás, quando os baderneiros preferiam clamar por "Fora FHC", desrepeitando a ordem institucional e a vontade legítima da maioria. FHC cumpriu seu mandato, e foi embora para casa (no Higienópolis, longe da Santo Amaro). A turma da pichação sorrateira e autoritária continua aí.

Minha ONG

Se eu tivesse que escolher uma causa pela qual lutar, eu escolheria o combate à poluição sonora e os volumes excessivamente altos. Lutaria apaixonadamente pela saúde auditiva coletiva, enfrentando os poderosos interesses do barulhento status quo. Minha organização poderia se chamar Quietpeace e, nem precisa falar, nas manifestações seriam proibidos cornetas e megafones.
Aliás, uma das primeiras campanhas poderia ser contra a fabricação e a venda de cornetas, apitos e sirenes em geral.

Lágrimas

Poucas coisas podem fazer um homem chorar com tanta eficácia como uma pequena quantidade de filtro solar escorrendo dentro do olho.

Revistas

Quando vou cortar o cabelo, são sempre grandes as chances de ter uma revista VIP ou Playboy entregue no meu colo. Nunca sei ao certo qual estou lendo. Excetuando a contagem de pêlos pubianos (e mamilos, acho), são a mesma coisa. Aposto que nem existem duas redações distintas. Os mesmos textos (se é que podemos usar essa palavra) provavelmente são aproveitados em cada revista, no máximo com um ou dois meses de diferença. Vai ver que até as fotos são tiradas nas mesmas sessões, e o próprio Photoshop separa automaticamente as fotos conforme a intensidade de exposição íntima.

Generic Link

De acordo com cientistas, os chimpanzés utilizam não só as imagens dos rostos para reconhecer os outros: os traseiros são igualmente importantes. O blog que deu o link especula se o fenômeno não tem paralelo entre os humanos, afinal, compartilhamos 98% do DNA com os chimpanzés. A notícia até seria interessante e engraçada, não fosse a certeza de que o assunto vai acabar virando piadinhas óbvias no Programa do Jô ou uma notinha na Playboy/VIP.

Tood

O Tootledo mostra que eu tenho 80 (oitenta!) coisas a fazer. E a semana mal começou... Vamos ver no que isso vai dar.

UPDATE
O segredo, desconfio eu, é começar do proverbial começo, e ir terminando uma coisa de cada vez. Primeiro, limpar o inbox do trabalho, depois o inbox pessoal, depois juntar no to-do-list coisas que faltam e daí partir das coisas mais fáceis para as mais difíceis. Mas antes, uma xícara de café (na verdade é um copinho de plástico mixuruca) e uma lavagem grátis no óculos.

22 de outubro de 2008

15 de outubro de 2008

Nobel

Uma coisa interessante sobre o prêmio Nobel é que ele combina um atestado de prestígio ímpar com uma bolada de dinheiro à vista. Aposto que quase todo mundo já daria pulos de alegrias ao ganhar um dos dois. Assim, é de se perguntar se a Fundação Nobel não pode estar desperdiçando recursos: talvez simplesmente conceder o prêmio Nobel e esquecer toda essa história do milhão de dólares não teria maiores conseqüências. Os ganhadores continuariam registrando seu nome na história e se destacando mundialmente em seus campos de atuação. Decerto, eles nem se incomodariam de viajar para Estocolmo para ganhar apenas um trofeuzinho dourado fajuto como o Oscar e tomar de de graça uns drinks na festa depois da cerimônia.
A questão que se pode colocar é se o Nobel continuaria sendo tão importante caso parasse de dispensar essa grana, ou se transformaria em mais um prêmio inócuo como o Troféu Imprensa do Sílvio Santos ou as eleições do mais sexy do mundo da VIP e IstoÉ Gente... Afinal, fazer uma cerimônia anual para distribuir meia dúzia de prêmios é fácil, é ao entregar junto um cheque polpudo que você transmite mais convicção sobre a contribuição dos premiados para a respectiva categoria (paz, economia, biologia etc.).
Por outro lado, há algo de incongruente em misturar contribuições à ciência ou à humanidade com gratificações monetárias. A ambição de querer ganhar um milhão de dólares combina mais com participantes do Big Brother e moleques metidos brincando com ações do que com cientistas investigando a origem da vida ou figuras históricas como Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá etc. Mas aí fica muito subjetivo. Quem garante por exemplo o que o Nelson Mandela escolheria - postulo hipoteticamente - tivesse ele a chance, entre a) ficar 27 anos na cadeia e se tornar um ícone do fim do apartheid ou b) começando com uma participação num reality show, se tornar uma celebridade de 3o escalão da Globo? Ou, mais um exemplo extremo, será que o Dalai Lama, nos tempos de estudante, nunca pensou em deixar de lado o fato de ser a reincarnação do Buda para cursar administração, fazer o application do MBA em Wharton, ir trabalhar em Investment Banking etc.?

14 de outubro de 2008

Cafés e coragem

Todo mundo acha o fim da picada quando alguém derruba um copo cheio de café na mesa. É compreensível, ninguém gosta de ver um líquido quente e escuro se espalhando por toda a área de trabalho, molhando teclados, manchando papéis, queimando colos, deixando a mesa grudenta e o carpete manchado e mal-cheiroso. Mas antes de se condenar o autor do acidente imediatamente - "cuidado,seu animal!", "ui! que nojo!" etc. - vale a pena avaliar se não se está cometendo uma injustiça. Pense bem. Uma pessoa que consome 3, 4, 5 copos de café por dia útil está potencialmente levando para a mesa mais de 1.300 copos cheios para a mesa durante um ano de trabalho. Antes de criticar alguém por derrubar seu terceiro copo de café sobre a mesa, não custa lembrar que ele (ou ela) está performando com uma taxa de acerto sobre-humana de 99,8%. Neurocirurgiões não acertam tanto. Pilotos de aviões comerciais são menos confiáveis. E eles não enfrentam os desafios que bebedores freqüentes de café precisam superar o tempo todo no turbulento ambiente de escritório moderno, cheio de fios, cabos elétricos (do mouse, do celular, da rede, do telefone etc.), cadeiras, pastas que ficam se mexendo de maneiras imprevisíveis.
Então, pense nisso: antes de xingar o colega que acabou de derrubar um quinto de litro de café açucarado na sua bolsa, tente levar em conta a coragem dele (ou dela) nessa situação, superando todas as barreiras (como a proibição do RH de beber na mesa) e perigos (de receber um puxão de orelha formal do mesmo RH) em função do seu amor (ou dependência) ao café. Mas pense rápido, e corra em direção a copa, e traga bastante papel toalha para tentar consertar o estrago.

13 de outubro de 2008

Mudança

Gente, se por causa de uma mudança, o escritório fica 24 horas sem email, dá para entender. Se um arquivo inteiro (aqueles móveis feiosos de metal) demora para aparecer, normal. Agora, simplesmente não prever que a cafeteira poderia queimar em curto-circuito ao ser ligada na nova rede elétrica, privando os "colaboradores" de café ao longo da segunda-feira inteira é inaceitável. Qualquer coisa menos que uma investigação completa para apurar e punir os responsáveis é inadmissível. Queremos café, e queremos agora.

21 de agosto de 2008

Da série "hahaha. Muito engraçado" (num tom sarcástico)

Se um funcionário de uma fábrica de papel promove uma campanha para reduzir o desperdício de papel no escritório, ele pode ser demitido por justa causa?
E o que acontece com antitabagistas que trabalham para as companhias de cigarro?
E se um membro da PETA aparece na sede vestindo um casaco de couro?
Vegetarianos dentro de um frigorífico?
Corintianos na Parmalat?
Chega, chega, eu sei. Mas algo nessa linha iria dar um bom argumento para um filme.


20 de agosto de 2008

Comentário olímpico

É normal ver essas transmissões esportivas em que um atleta ou equipe brasileira tem chances reais de título e ficar impressionado com o investimento emocional dedicado ao resultado da competição por parte de narradores e espectadores. Não é apenas uma vitória pela qual se torce, é algo muito mais visceral: uma oportunidade de “lavar a alma”, chorar, abraçar, se enrolar na bandeira, recuperar a auto-estima, gritar, sair buzinando, se “orgulhar de ser brasileiro” naquele misto de complexo de inferioridade/superioridade descrito pelo Piza, acreditar que o futuro vai ser melhor, sambar, deixar de criticar o governo etc. etc. Claro que passar por esse processo de catarse toda Olimpíada, Copa do Mundo, corrida de F1 na chuva, torneio de vôlei de praia ou qualquer outro esporte em que de repente surge um brasileiro competitivo não deve ser saudável, mas não adianta criticar os sintomas desse desequilíbrio emocional. O que me preocupa é o que acontece quando o pessoal tem que narrar/assistir um jogo, como por exemplo, a semifinal do vôlei de praia masculino realizada ontem, em que dos dois lados da quadra foram ocupados por duplas que falam português e cantam o hino nacional. Será que eles ficam divididos, travados pelo paradoxo de que uma vitória brasileira implicará uma derrota brasileira? “Pelo” Brasil, serão capazes de torcer “contra” o Brasil? Conseguirão conciliar “em seus corações” a euforia dos vencedores com o “choro” dos perdedores? Ou, na medida em que o valor da nação não está em jogo, a partida simplesmente perde o apelo? Se tiverem que escolher uma dupla (afinal, não assistir o vôlei de praia deve ser impensável...), escolherão friamente (irônico) a com melhores chances de arrasar os estrangeiros na final, ou escolherão a dupla mais humilde/carismática/fotogênica/que acabou de ser pai?

18 de agosto de 2008

Fundamental

O RH mandou um email para todos os “colaboradores” da empresa convocando todo mundo para uma “seção” (sic) de fotos para a confecção de crachás individuais. Eu vou ter que estar por aqui as 9:00 do dia 20, mas adorei o tom inspirador do email: “A sua presença é fundamental, uma vez que o uso do crachá será obrigatório a todos.” Ou seja, por mais que o assunto seja uma ordem burocrática rotineira imposta a todos os “colaboradores” na véspera, fico inspirado ao saber que “minha presença” é “fundamental” nas fotos, segundo o entendimento da pessoa que manda esse tipo de email anônimo. Estou tão emocionado que preciso de uma pausa para pegar alguma coisa no Starbucks

Progresso

Lamento informar, mas a posse de um Macbook durante uma semana inteira ainda não mudou minha vida. Para minha surpresa, não percebo nenhum aumento de criatividade, produtividade ou qualquer outra característica desejável. A experiência continuará. Nos próximos dias, buscarei ver que efeitos ele proporciona se deixar ligado.

Dica de segunda

Para quem estiver procurando algo muito interessante para ler agora, não custa passar pelo verbete do Sergei Rachmaninoff na Wikipedia. É um pouco longo, mas muito bem escrito. Um trecho:
He slowly learned the pieces he played, detail by detail. Abram Chasins told about visiting Rachmaninoff one day and stopping outside. Rachmaninoff "was practicing Chopin's Étude in thirds but at such a snail's pace that it took me a while to recognize it because so much time elapsed between each finger stroke and the next. Fascinated, I clocked this remarkable exhibition: 20 seconds per bar was his pace for almost an hour while I waited riveted to the spot, quite unable to ring the bell."[55] Paradoxically, Rachmaninoff often sounded like he was improvising, though he actually was not. While his interpretations were comprised of mosaics of tiny details, when those mosaics came together in performance, they might, according to the tempo of the piece being played, fly past at great speed, giving the impression of instant thought.[56]
"One must play a piece a thousand times, making a thousand experiments, listening, comparing, judging," he said, "for only as the individual learns to decide and to control his musical effects does he become an interpreter and come near to the stature whose works he should recreate. And only through unceasing labor can he accomplish such a mission."[57] Rachmaninoff built his interpretations methodically, down to the last, fleeting shadow-like nuance, putting together readings of perfect architectural balance and inexorable musical logic.[58] Josef Hofmann admitted to him, "I dare say that I do not plan how to build a composition and occasionally it happens to sound well."[59]
http://en.wikipedia.org/wiki/Sergei_Rachmaninoff

Ah, um trivia que eu tinha esquecido: o protagonista de O Pecado Mora ao Lado pretendia usar o Piano Concerto No. 2 para seduzir a vizinha Marylin Monroe. (Bons tempos)

7 de agosto de 2008

Umbigo

Sabia que umbigo em inglês é "navel"? Agora você sabe, e pode ficar tranqüilizado. (Em circunstâncias mais ou menos improváveis, essa informação pode salvar vidas.)
Além disso, se você se vir urgentemente necessitando emitir uma crítica devastadora, em inglês, para algum blog, e não consegue ir além de derivative e superficial no seu post ou email crítico, agora pode acrescentar navel-gazing no comentário para terminar de desmoralizar seu adversário.
(Não precisam me agradecer, é para isso que esse blog existe: ajudar a salvar vidas e incrementar trocas de insultos online.)

6 de agosto de 2008

Garfield

Don Walsh teve uma boa idéia: fazer tiras em quadrinhos de Garfield sem o Garfield. Com o gato gordo, cínico e "louco por lasanha" removido digitalmente, sobram as participações de Jon nas historinhas, com um resultado inusitado. Em vez do conhecido humor inofensivo de Garfield, Garfield Minus Garfield mostra apenas um jovem solitário colecionado frustrações enquanto leva uma vida tediosa e deprimente. Com uma simples intervenção no photoshop, Walsh transforma uma tira célebre pela sua total falta de pretensão numa investigação existencial muito mais intrigante:
Falta mencionar o mais surpreendente: Jon Adams, o criador de Garfield, ao descobrir o que estavam fazendo com seu personagem alter-ego há mais de 30 anos, não processou o cara. Pelo contrário, numa entrevista, declarou que G-G é uma coisa inspirada, e agradeceu ao autor por estar mostrando uma outra faceta de Garfield. Agora G-G está virando um livro, a ser publicado pela própria editora do Garfield.

Crisis

Mais um link para um artigo da Slate, dessa vez a respeito dos revolucionários documentários de Robert Drew sobre Jack Kennedy, Primary (1960) e Crisis (1963). Vindo do fotojornalismo, Drew praticamente precisou inventar fimadoras portáteis para poder acompanhar seus assuntos a qualquer lugar, e inventou um estilo de "cinema-verdade" de grande influência nas próximas décadas.
Primary acompanha as campanhas primárias do Partido Democrata nas eleições presidenciais de 1960, e testemunha os bastidores do surgimento da figura de Kennedy. (Aqui no Brasil, Primary viria a ganhar uma refilmagem, Entreatos, de João Moreira Salles, só que com Lula no papel de Kennedy e Dona Marisa no lugar de Jackie.)
Crisis já mostra Kennedy na Casa Branca, durante um dos primeiros conflitos do movimento dos direitos civis (A Suprema corte decretara que a Universade do Alabama devia integrar alunos brancos e negros, o governador Wallace anunciou que ia bloquear a entrada).
Segundo o artigo, Crisis é menos revelador e mais convencional que Primary, mas é um retrato pioneiro do funcionamento do Salão Oval num momento intenso. O mais interessante da história é que Kennedy autorizou a realização do documentário pelo seu potencial interesse histórico: ele gostaria de poder ter assistido, por exemplo, a uma gravação do Salão Oval em seguida ao ataque a Pearl Harbor.
(Pena que não lembraram de ligar as câmeras durante a crise dos mísseis cubanos, alguns meses depois, quando se esteve a beira do início da 3a guerra mundial - isso sim teria valor histórico inestimável)

5 de agosto de 2008

O George Bailey Moderno

Daniel Gross, da Slate, foi entrevistar Ronald Hermance Jr, CEO do Hudson City Bank, a única instituição financeira de Nova York que está se saindo bem no meio da megacrise. A fórmula é simples, e não difere muito do que eles já têm feito há 140 anos: dar crédito apenas para bons pagadores, coletar depósitos de regiões afluentes, expandir com cautela, focar no longo prazo. O banco só está chamando atenção porque todos os outros bancos maiores estiveram ocupados nos últimos anos fazendo o oposto, e agora precisam ser socorridos pelo Fed ou petrodólares. Tudo isso pode ser lido no artigo, mas esse comentário do CEO é curioso:
So how is it that Hermance kept his head when all the geniuses with higher pay and fancier pedigrees lost theirs? The tri-state metro area's only smart banker shrugs. We all approach life's fundamental choices from a unique angle. "It's like my grandfather used to say," he says. "If everybody thought the same way, they would have married your grandmother."

Trocadilho

O Faustão sempre declara que um dos seus maiores arrependimentos na TV foi levar ao ar o infame "sushi erótico". Podia ter sido pior: podiam ter mostrado um "sumô erótico"... (agora tente tirar a imagem da cabeça.)

4 de agosto de 2008

Extra! Extra!

De acordo com o Estadão, a Duffy é um homem.
O sucesso do ABBA fez o álbum "Viva La Vida Or Death And All His Friends", do Coldplay, cair para a segunda posição, com "Rockferry", do cantor galês Duffy, em terceiro.
Olhando a foto, é óbvio né?

Probabilidades

Um problema sério nos filmes e séries de ação é a consistência do sucesso dos mocinhos. A questão não é o cara fazer coisas impossíveis (entrar numa fortaleza impenetrável, derrubar um pelotão inteiro, derrotar o próprio demônio etc.), afinal é por causa desse tipo de feito que o cara é um herói de ação em primeiro lugar. O que me incomoda é que eles costumam fazer isso com uma recorrência e uma freqüência que do ponto de vista estatístico são excessivas.
Vamos trabalhar com um exemplo prático: Jack Bauer, o agente mais durão da CTU. Ao longo de uma meia dúzia de temporadas de 24, o cara já desmantelou um número igual de conspirações terroristas para explodir Los Angeles e/ou matar o presidente. Em cada vez, Jack se destaca por atos incríveis de bravura, perícia, astúcia e determinação.
Parte importante do trabalho dele consiste em continuamente derrotar vilões, em geral bem preparados, equipados e obstinados, frequentemente em condições de briga desfavoráveis para Jack. Afinal, Jack precisa estar em perigo para conferir tensão à cena, mantendo o interesse do espectador: ou seja, a cada momento ele precisa estar sujeito ao risco concreto de "vestir o paletó de madeira" (ou sofrer ferimentos debilitantes). É nessa combinação de risco intenso e prolongando com altas taxas de sucesso que está problema da plausibilidade, facilmente demonstrável com um simples cálculo matemático.
Primeiro: qual o risco de game over cada vez que Jack entra numa briga/tiroteio/perseguição/etc.? Se Jack estivesse enfrentando alguém exatamente idêntico a ele (ex.: seu clone maligno*), ele teria uma chance de 50% de sofrer game over. Se lutasse com alguém despreparado (ex. um gordinho míope sem óculos, segurando um refrigerante e um cachorro-quente), a chance de um revés cai para zero (a não ser que Jack resolva pegar o cachorro quente do moleque e se engasgue). Na média,o risco de uma zebra seria de 25%, mas como os terroristas não contratam (que eu saiba) clones malignos nem gordinhos gulosos, o risco poderia diferente, talvez um pouco maior, como 30%. Ou seja, Jack realisticamente pode ter em média 70% chance de sobreviver até o próximo confronto para que o interesse do público seja mantido.
Segundo: Quantas brigas Jack já venceu? Vamos supor que nas últimas seis temporadas de 24, Jack enfrentou em média uma situação de perigo em cada um dos 144 episódios. É como se ele tivesse jogado cara ou coroa 144 vezes, sempre com 70% de chance de sucesso - e ganhou todas as vezes. A chance disso ocorrer é de 0,00000000000000000005%.
Pode ser que eu esteja exagerando um pouco, vamos admitir que, em cada temporada, ele pode sofrer uma derrota quase fatal (entra em coma, precisa ser resgatado pelo Almeida, é flagrado pelos chineses etc.) . Ou seja, ele precisa vencer 23 brigas apenas, que em uma os roteiristas darão um jeito de safá-lo. Pois bem, a chance disso ocorrer é melhora, mas não passa de 0,03%.

* Se o clone maligno pode ler os pensamentos de Jack, ou tem algum outro superpoder, como mudar de forma ou falar com os animais, a chance de Jack sobreviver poderá ser menor do que 50%.
P.S.: fazer essa análise com o James Bond seria mais covardia ainda. Ele sobrevive incólume há décadas com tanta facilidade que até os roteiristas devem ter se cansado, e deixaram ele ser capturado/interrogado etc. nos últimos dois filmes seguidos.

Explicações

Acho que faltou explicar no post anterior, porque "Kings of Convenience" é um nome tão especial, independentemente da música que eles fazem: o segredo está na oposição de "Kings" com "Convenience". Seria difícil achar dois substantivos mais contrastantes. Um é curto e forte, cheio de consoantes. O outro é longo, suave, delongado com vogais. "Kings" existem há séculos, milênios e simbolizam força, poder, guerras. "Convenience" parece uma novidade do século XX e não tem nada a ver com guerras e intrigas. Na mesma linha, reis se preocupam com coisas nobres, conveniência não passa de uma frescura. Colocá-los lado a lado, particularmente nessa ordem, é que gera um nome tão memorável. (A tensão colocada pelo termo 'dominante' no começo é vertiginosamente desmontada pelo termo mais 'bobo'. Se a ordem fosse contrária, o nome inteiro sairia bobo, tipo Gipsy Kings). Por fim, o mais curioso é como o nome é apropriado para essa banda em questão: uma dupla de folk-pop do interior da Noruega, composta por dois amigos de infância cujas músicas - conforme li na Wikipedia - se destacam pelas melodias delicadas, vozes calmas e guitarras sutilmente intrincadas. (Toca bastante na Antena 1).

A Vingança de Montezuma (ou Quem Manda Viajar Para a América Latina)

Montezuma's revenge is the colloquial term for any cases of traveler's diarrhea contracted by tourists visiting Mexico. The name humorously refers to Montezuma II (1466-1520), the Tlatoani (ruler) of the Aztec civilization who was defeated by Hernándo Cortés the Spanish conquistador.

It is estimated that 40% of foreign traveler vacations in Mexico are disrupted by infection. Most cases are mild and resolve in a few days with no treatment. Severe or extended cases, however, may result in extensive fluid loss and/or dangerous electrolytic imbalance which pose a severe medical risk and may prove fatal if mismanaged. The oversight of a medical professional is advised.

Not all water supplies in Mexico are contaminated and many hotels have water purification systems that eliminate risk. Certain resort destinations also have large-scale water purification systems which provide safe water city-wide. Roadside and popular food stalls specifically should be avoided.

da Wikipedia.

3 de agosto de 2008

15 Central Park West

Ficou pronto o mais caro prédio de Nova York, relata a VF. As 201 unidades do 15 Central Park West foram todas vendidas antes da entrega, totalizando uns US$ 2 bilhões. O preço médio unitário foi de US$ 9 milhões.
A localização, em frente ao Central Park, explica parte do sucesso (o terreno custou US$400 milhões, negócio recorde, considerado uma loucura quando anunciado em 2004), mas o projeto de Robert A. M. Stern, imitando os memoráveis prédios vizinhos construídos no início do século XX, se mostrou o grande diferencial num mercado que competia para ver quem lança a torre de vidro arrojada/escandalosa.
(Embora seja uma construção moderna, 0 15 PCW é coberto com 85,000 peças de limestone, como se fazia antigamente em Nova York.)
E embora o local tenha se valorizado desde o lançamento (o preço do metro quadrado subiu de meros US$25,000 para U$40,000), o autor se pergunta se um prédio feito para dar a ilusão de se viver na década de 20 ou 30 pode, através dos seus preços, também sustentar a ilusão de que o mercado imobiliário hiper-aquecido de 2005 não acabou...

2 de agosto de 2008

Reflexão fóssil

As crianças são o combustível do futuro.

Sugestão

Uma dica para todos gerentes de hotel que podem estar me lendo aqui: se um cliente reservou um quarto e simplesmente não apareceu, saiba que você não precisa ligar a uma meia da manhã no celular da pessoa para confirmar se a pessoa está vindo ou não.

Se ele não chegou até esse horário, nem deu qualquer aviso a respeito, é porque ele não pôde fazê-lo. Pode ter sido por causa do trabalho, ou uma abdução alienígena ou outro contratempo qualquer, não importa: ele não vai chegar mais. Não adianta tentar interferir. E principalmente, não adianta ligar, agora.

Ele não vai atender imediatamente e dizer "puxa, tinha me esquecido de voar para Belo Horizonte, obrigado por me lembrar! Estou indo para o Aeroporto AGORA, chego aí em umas 4 horas. Valeu!!".

Na melhor das hipóteses, após uns sete toques da campainha, ele vai ser tirado de um sono profundo, tatear pelo quarto escuro até achar o maldito aparelho, dizer "alô" arrastado, não entender nada do que você está falando, e murmurar algumas sílabas incoerentes/inconscientes. Nada de mais consequente acontece no fim das contas: você fez um interurbano desnecessário; seu cliente descobriu que precisa escolher melhor hotéis.

E não dá para descartar a possibilidade da ligação realmente atrapalhar, por exemplo tirando a concentração num momento muito importante, seja do seu cliente no trabalho ou dos alienígenas que o abduziram e estão no momento mais delicado da exo-biópsia dele.

Na verdade acho que o episódio encerra uma lição para todos, não só as pessoas que cuidam das reservas de hotéis de 2a: antes de ligar no celular de um desconhecido no meio da madrugada, pergunte a si mesmo duas coisas:
  • eu tenho um bom motivo?
  • ligar agora vai adiantar alguma coisa?
Se estiver na dúvida para qualquer uma delas, faça o seguinte: ligue para sua mãe e peça a opinião dela.

1 de agosto de 2008

Nove razões

Muita gente teve medo do Gmail no começo porque o Google se reservava ao direito de (eletronicamente) ler o conteúdo dos emails para (supostamente apenas) direcionar publicidade customizada. Agravando essa paranóia, havia o fato do Gmail aparecer disponibilizando uma capacidade de armazenamento então sem precedentes, para permitir que os usuários nunca precisassem apagar qualquer email. E para incentivar que as pessoas deixassem todas suas mensagens arquivadas, nem havia a opção de apagar definitivamente as mensagens.
Acho que essas preocupações, em larga medida, foram diminuindo na medida em que se percebeu que qualquer serviço de webmail está sujeito às mesmas ameaças a privacidade, e o melhor a fazer é escolher bem em que site confiar. Não é a toa que o Gmail tem hoje uns cinquenta milhões de usuários e, em função de diversas inovações, revolucionou para muita gente a maneira de usar email.
Agora, nesse contexto, continua sendo engraçado a lista de 9 razões da Google para você não deletar suas mensagens. Alguns highlights:
  • 7. Posterity
    Just because you’re not famous now doesn’t mean that in forty years (or fifteen minutes) you won’t want to write your memoir.
  • 6. Winning arguments
    “But on May 5, 2005 at 8:43pm EDT you said….”
  • 3. That guy
    Remember that guy you thought you’d never need to get in touch with ever again?
  • 1. Fate-tempting is bad. You just never know
    Thirty-one days after you send that message to the Trash and it gets permanently deleted, you're going to need it. Don't tempt the fates.
(É isso aí, com o destino não se brinca...)

Ironia médica

Isso que é ironia: o Fleury preparou um podcast sobre os perigos do uso excessivo de fone de ouvido. O assunto é importante para sua saúde, por isso escute-o no ipod beeem alto, várias vezes de preferência.

Bar ruim

Quem diria, um texto imperdível no Digestivo Cultural. (Dica do furmiga)

Chicos

Muita gente estranha meu apelido. Eu gosto, acho que não poderia estar em melhor companhia:
  • C. Anísio
  • C. Bento
  • C. Buarque
  • C. César
  • C. Science
  • Velho C. (rio)
Aposto que estão faltando na lista alguns Chicos importantes para a cultura popular brasileira. Deve ter tido pelo menos um folclórico "Chicão" jogando desajeitada e heroicamente na defesa do [algum time tradicional qualquer do Rio ou Minas que hoje é uma sombra dos seus tempos de glória...]
Porque é isso (sic), o Brasil precisa valorizar mais esses folclóricos jogadores de futebol que devem ter existido, "heróis de um tempo alegre que não volta mais..."
(Ou algo nesse sentido, queria terminar com uma frase de efeito)

31 de julho de 2008

Piadinha infame, do arquivo

A continuação de "Filhos de Francisco" (não vi, dizem que eu deveria) poderia ser os "Netos de Francisco". A protagonista seria claro a Wanessa Camargo, interpretada pela própria. O filme seria um misto de drama (para o espectador) e comédia (involuntária), além de partes cantadas pela própria. A história, sei lá, vale qualquer coisa: a luta dela para perder peso, o sonho de ser um cantora, as trocas de farpas com a Sandy, o casamento e sei lá mais que episódios que forem interessantes para esse denso biopic.
Bom, dada a dica para o cinema nacional. Depois quero crédito de produtor executivo e meus 10% da verba estatal superfaturada.

O Caso Hatto

A pianista Joyce Hatto foi um dos maiores fenômenos da música clássica nos primeiros anos da década, até falecer em 2006. Septuagenária, enfrentando um grave câncer, de repente começou a lançar um catálogo interminável de gravações, uma melhor do que a outra. Mesmo enfrentando algumas das partituras mais díficeis já escritas, sempre se destacou pelo talento de interpretação. Mas isso é só o começo, nesse ponto a história dá um super twist hollywoodiano. Não posso contar mais sobre a história, ou estragaria todo o seu prazer de ler essa investigação de Mark Singer que a New Yorker publicou em setembro passado.

Insight

Uma banda que se intitula "Kings of Convenience" tem que fazer um som legal e gostoso. Seria muita irresponsabilidade associar um nome tão bom com músicas desagradáveis ou meramente medíocres.

A não ser que fosse de propósito, para efeito irônico: Kings of Convenience seria um bom nome para um grupo de trash metal do norte europeu...

De qualquer forma, tem certos nomes e títulos ótimos que precisam ser guardados para obras e artistas que efetivamente os mereçam.

Os demais podem se inspirar nessa lista e tentar fazer algo que supere pérolas como: Temple of Brutality, My! Gay! Husband!, The Shark That Ate My Friend ou France Has The Bomb.

Estréia

Olá povo,
esse é meu blog.
Não esperem muita coisa: links, curiosidades, comentários mais ou (principalmente) menos relevantes e uma ou outra mancada gramatical.