29 de outubro de 2008

Procras...

Todo mundo adora falar mal da procrastinação. Mais que isso, dizem que deve ser combatida, porque o importante é fazer as coisas, agora. E terminá-las assim que possível. E logo em seguida começar outra... Qualquer desvio desse padrão é condenado: não fazer nada, demorar para começar, deixar para amanhã, fazer outra coisa menos desagradável...

Claro que há algum mérito no combate a procrastinação, mas acho que há um exagero na dose ao se deixar de lado os aspectos positivos desse hábito de bilhões de pessoas todos os dias. Deve ter tido algum valor evolutivo na história humana.

O problema é que a procrastinação acaba ganhando uma reputação terrível por causa de uma assimetria irônica: os críticos do comportamento estão sempre produzindo seus manifestos em prol da produtividade pessoal, tec tec tec, trabalhando sem parar. Os procrastinadores até cogitam publicar eulegias da nobre prática, propor uma visão alternativa mas acabam deixando para depois, e com isso perdem espaço junto à opinião pública. Pensar que a procrastinação ganharia muito mais espaço com um pouquinho de esforço não deixa de parecer um belo parodoxo.

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