15 de outubro de 2008

Nobel

Uma coisa interessante sobre o prêmio Nobel é que ele combina um atestado de prestígio ímpar com uma bolada de dinheiro à vista. Aposto que quase todo mundo já daria pulos de alegrias ao ganhar um dos dois. Assim, é de se perguntar se a Fundação Nobel não pode estar desperdiçando recursos: talvez simplesmente conceder o prêmio Nobel e esquecer toda essa história do milhão de dólares não teria maiores conseqüências. Os ganhadores continuariam registrando seu nome na história e se destacando mundialmente em seus campos de atuação. Decerto, eles nem se incomodariam de viajar para Estocolmo para ganhar apenas um trofeuzinho dourado fajuto como o Oscar e tomar de de graça uns drinks na festa depois da cerimônia.
A questão que se pode colocar é se o Nobel continuaria sendo tão importante caso parasse de dispensar essa grana, ou se transformaria em mais um prêmio inócuo como o Troféu Imprensa do Sílvio Santos ou as eleições do mais sexy do mundo da VIP e IstoÉ Gente... Afinal, fazer uma cerimônia anual para distribuir meia dúzia de prêmios é fácil, é ao entregar junto um cheque polpudo que você transmite mais convicção sobre a contribuição dos premiados para a respectiva categoria (paz, economia, biologia etc.).
Por outro lado, há algo de incongruente em misturar contribuições à ciência ou à humanidade com gratificações monetárias. A ambição de querer ganhar um milhão de dólares combina mais com participantes do Big Brother e moleques metidos brincando com ações do que com cientistas investigando a origem da vida ou figuras históricas como Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá etc. Mas aí fica muito subjetivo. Quem garante por exemplo o que o Nelson Mandela escolheria - postulo hipoteticamente - tivesse ele a chance, entre a) ficar 27 anos na cadeia e se tornar um ícone do fim do apartheid ou b) começando com uma participação num reality show, se tornar uma celebridade de 3o escalão da Globo? Ou, mais um exemplo extremo, será que o Dalai Lama, nos tempos de estudante, nunca pensou em deixar de lado o fato de ser a reincarnação do Buda para cursar administração, fazer o application do MBA em Wharton, ir trabalhar em Investment Banking etc.?

Nenhum comentário: